30/06/2025
Como reduzir os efeitos gastrointestinais do Ozempic e Mounjaro com estratégias nutricionais
A inflamação metabólica de baixo grau constitui um dos principais fatores fisiopatológicos relacionados à resistência insulínica, dificuldade na perda de peso e desenvolvimento de distúrbios metabólicos crônicos. Ainda que muitas vezes silenciosa, sua identificação precoce é fundamental para o manejo preventivo e terapêutico dos pacientes em protocolos de emagrecimento e longevidade metabólica.
Alguns exames laboratoriais atuam como marcadores indiretos desse estado inflamatório persistente, permitindo não apenas o diagnóstico precoce, mas também o monitoramento da resposta clínica às intervenções propostas.
Proteína C reativa ultra-sensível (PCR-us)
A PCR-us é um dos biomarcadores mais sensíveis de inflamação subclínica. Valores superiores a 0,3 mg/dL já indicam ativação do sistema imune inato, mesmo sem manifestações clínicas objetivas. Sua elevação está associada à dificuldade de mobilização de gordura corporal, retenção de líquidos, piora da sensibilidade insulínica e maior risco cardiovascular.
Ferritina sérica
Embora classificada primariamente como proteína de armazenamento de ferro, níveis elevados de ferritina, acima de 150 ng/mL, também refletem sobrecarga inflamatória. Esse achado pode estar relacionado a resistência insulínica hepática, esteatose não alcoólica, lentificação metabólica e estagnação ponderal mesmo diante de déficit calórico.
Homocisteína
A elevação da homocisteína, acima de 10 µmol/L, representa importante fator pró-inflamatório e pró-oxidativo, com repercussões vasculares, neurológicas e metabólicas. Está associada à disfunção endotelial, piora da flexibilidade metabólica e aumento do risco cardiovascular, além de dificultar o metabolismo lipídico e a oxidação adequada de gordura.
Vitamina D
A hipovitaminose D (< 30 ng/mL) impacta negativamente na modulação imunológica, na sensibilidade insulínica e no equilíbrio inflamatório sistêmico. A deficiência desse hormônio esteroidal reduz a eficiência metabólica, compromete o controle glicêmico e favorece quadros de fadiga e dificuldade de emagrecimento.
Insulina de jejum
A hiperinsulinemia basal, com níveis acima de 10 µUI/mL, sinaliza resistência insulínica compensatória. Mesmo na presença de glicemias normais, indica excesso de estímulo anabólico, favorecendo acúmulo de gordura abdominal, lentificação metabólica e dificuldade de mobilização lipídica.
Importância clínica da avaliação integrada
A análise conjunta desses marcadores laboratoriais permite ao clínico estabelecer o grau de ativação inflamatória metabólica do paciente, possibilitando intervenções precoces. O manejo integrado inclui ajuste nutricional anti-inflamatório, modulação do perfil hormonal, reposição de nutrientes críticos, prescrição de atividade física estruturada e, quando necessário, suporte farmacológico complementar.
A identificação e o tratamento da inflamação subclínica metabólica não apenas facilitam o emagrecimento, mas também atuam preventivamente na redução dos riscos cardiometabólicos associados.