André Guanabara André Guanabara

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30/06/2025

Ozempic e Mounjaro: como ajustar a alimentação e a suplementação para reduzir efeitos colaterais

Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) são medicamentos utilizados na prática clínica para auxiliar o controle glicêmico e atuar em protocolos de emagrecimento e longevidade metabólica.

Ambos pertencem à classe dos agonistas do receptor de GLP-1 (e, no caso do Mounjaro, também GIP), atuando na regulação da saciedade, do esvaziamento gástrico e da resposta insulínica. Esses mecanismos oferecem benefícios terapêuticos importantes, mas também podem gerar desconfortos gastrointestinais, especialmente no início do tratamento ou em pacientes com sensibilidade digestiva aumentada.
Entre os sintomas mais comuns relatados estão:

  • Náuseas leves a moderadas;
  • Sensação de estufamento e gases;
  • Redução do apetite com dificuldade de ingerir volumes maiores de alimento;
  • Constipação intestinal;

Em alguns casos, diarreia transitória.

Muitos desses efeitos não são diretamente causados pela medicação em si, mas potencializados por escolhas alimentares inadequadas durante o uso. Por isso, estratégias nutricionais e suplementares são essenciais para melhorar a tolerância e reduzir desconfortos.

Alimentos que devem ser evitados durante o uso de Ozempic e Mounjaro

O objetivo é reduzir fermentação intestinal, lentificação exagerada da digestão e quadros de hipoglicemia reativa:

  • Carboidratos refinados: tapioca, pão branco, cuscuz, biscoitos, bolos, doces e açúcares simples. Esses alimentos elevam rapidamente a glicose, geram fermentação e intensificam a distensão abdominal, gases e mal-estar.
  • Refeições volumosas e pesadas: feijoadas, massas com muito molho, frituras e grandes quantidades de alimento em uma única refeição.
  • Laticínios em excesso: podem agravar a fermentação em pacientes sensíveis.
  • Bebidas gaseificadas: refrigerantes e água com gás aumentam a sensação de estufamento

Alimentos que ajudam a reduzir os sintomas

  • Vegetais cozidos e de fácil digestão: abobrinha, chuchu, cenoura, vagem, brócolis bem cozido.
  • Proteínas magras: frango, peixe, ovos, cortes magros de carne vermelha.
  • Gorduras boas em pequenas quantidades: azeite de oliva extravirgem, abacate, castanhas.
  • Carboidratos integrais e de baixo índice glicêmico (em pequenas porções): quinoa, arroz integral, batata-doce e aveia.
  • Fibras solúveis introduzidas gradualmente: psyllium, sementes de chia e linhaça (sempre acompanhadas de água adequada).

Suplementos importantes durante o tratamento

Devido à modulação do trânsito intestinal e potencial impacto sobre a absorção de alguns nutrientes, algumas reposições podem ser necessárias:

  1. Magnésio (preferência pelo bisglicinato ou citrato): melhora o trânsito intestinal, aliviando constipação associada ao uso dos medicamentos.
  2. Probióticos específicos (com lactobacillus e bifidobactérias): restauram o equilíbrio da flora intestinal, reduz inchaço e melhoram o conforto digestivo.
  3. Vitamina B12 (metilcobalamina): evita deficiências neurológicas e anemia, principalmente em tratamentos prolongados, quando a absorção intestinal pode ser prejudicada.
  4. Ômega-3 (EPA e DHA concentrados): atuam na modulação inflamatória, auxiliam na sensibilidade insulínica e protegem o sistema cardiovascular.
  5. Fibras solúveis: aumentam a saciedade, regulam o trânsito intestinal e controlam oscilações glicêmicas.

Outras estratégias práticas no manejo dos sintomas

  • Fracionar as refeições em volumes menores ao longo do dia.
  • Evitar longos períodos de jejum absoluto, principalmente no início do tratamento.
  • Manter hidratação adequada (mínimo 2 litros ao dia).
  • Praticar atividades físicas regulares, que auxiliam o esvaziamento gástrico e melhoram o metabolismo.

A importância do acompanhamento médico individualizado

Cada organismo responde de forma diferente ao uso dos agonistas de GLP-1. O acompanhamento médico permite:

  • Avaliar a tolerância clínica e ajustar doses de forma segura.
  • Solicitar exames laboratoriais periódicos para monitorar nutrientes e função hepática.
  • Prescrever suplementação personalizada conforme necessidade real.
  • Otimizar a resposta metabólica e reduzir riscos de longo prazo.

Quando bem conduzido, o tratamento com Ozempic e Mounjaro pode ser uma ferramenta segura, eficaz e com benefícios consistentes para saúde metabólica, sempre associado à educação alimentar e estratégias médicas individualizadas.